Dona Joana faz bolos de aniversário à moda antiga do glacê e do suspiro em forma de coroa. Recheio de doce de leite e ameixa. Cobra barato o quilo para ganhar com os salgados e brigadeiros. Deixa a neta raspar a panela se ajudar a enrolar os docinhos. Usa caldo de galinha no risole de carne e diz para filha mais velha não espirrar sobre a massa, não cresce. Só aceita encomendas de segunda à quinta, para entrega em até quarenta e oito horas. Faz dois bolos para caridade por semestre, por conta de uma promessa feita a Santa Ana em agradecimento a só ter perdido um dedo no acidente com a batedeira semi-industrial que comprou em vinte e quatro prestações no cheque quando as coisas começaram a dar certo, graças a Deus; e pelo membro amputado não ter feito mal aos convidados do cliente.
5 comentários:
Dona Joana ou "crônicas domésticas".
Vou ficar com certo trauma de bolos de festa.
;)
Na verdade ele nem tinha título. Mas gostei da sugestão.
E o pior é se eu disser que o fundo desse conto é a pura realidade...
aqui no prédio tem a Dona Irene que faz risole, coxinha, picolé e também reformas roupas em geral... sempre suspeitei dessa fila da puta!
a propósito: o texto é bom pra caralho! tão, tão Claudiobritiano... é, meu filho, o prozac tem seus louros... rsrsrs
...humhum, nesses dias de festinhas de fim de ano, se eu tomar umas prá mais e sentir um dedo no risolis... deve ser efeito de bom texto!
cláudio gomes
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