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quinta-feira, 10 de maio de 2007

O último texto ou Sem titulo ou o Blog é meu e eu escrevo o que quero

Meu ventre está seco! Não consigo escrever nada. Nem um conto, nem poesia, crônica. Acho que nem preciso comentar sobre romances. Não sei o que fazer, a folha permanece branca ou rabiscada com linhas grosseiras. Isso me desespera. A boca amarga. A produção alheia me causa inveja.

Por quê? Por que o mundo da idéias, esse mundo fantástico de filósofos e bruxos silenciou-se para mim? O que fiz eu de tão indigno que me tirou das graças da criatividade?

Eu preciso ser curado, regatado desse poço fundo e escuro! Um autor já disse que esquecer para ele, esquecer suas idéias, era como perder dinheiro. Para mim, estar no estado que me encontro é adoecer, de forma terminal. Como um câncer que cresce na minha garganta e me sufoca, não me deixando falar, uma cegueira repentina acompanhada de uma dor de cabeça mortal. Será que isso passa? Terá cura? Sairei eu desse mar melancólico de auto-flagelação para o mundo onde sou quase um deus?

Será que foi isso?! O prazer em ser um deus? O poder de criar me corrompeu!? Minha auto-suficiência foi castigada com a mudês do branco total? Restando-me apenas a capacidade de textos deprimentes de profundidade de terceira? e Perguntas e mais perguntas como num texto publicitário de quitanda?

O que faço agora? Choro para a amada morta? Ou celebro o vinho para invocar o deus dos poetas? O que faço?!

Não terminarei esse texto deixando-me no vácuo do silêncio. Essa é minha forma de tentar retirar de mim o que presta, tirar de baixo desse entulho algo que valha a pena escrever, só irei parar quando conseguir, sem piedade daquele que ousar ler esse texto.

Foi numa noite escura como essa que tenho diante dos meus olhos. Uma noite onde o bafo do inferno rodeava o mundo e o silêncio era outorgado pela inexistência da lua. Não havia luar e a escuridão reinava no céu aberto. O frio era tão pestilento quanto os maus presságios e um homem caminhava sozinho entre pequenas casas suburbanas.

Ele trazia uma vestimenta tão antiga quanto esse meu estilo romântico com cheiro a mofo. Era algo vitoriano, com mais babados. Algo que ficaria ridículo em qualquer um, menos nele. Ele adornava o hábito e não ao contrário. Trazia nas veias algo mais antigo do que aquelas roupas, mas não nos adiantemos.

Retomando seu caminhar. Ele não tinha o cheiro de mofo. Ao contrário, seu cheiro era de mata e de madeira velha, dessa madeira que cupim rói e morre, dessa mata escura que nem assombração tem coragem de entrar. Sua aparência? Imagine alguém belo e este será ele, tão belo quanto o sol que vibrava do outro lado do planeta naquele instante. O sol que ele não via a séculos.

Ele não podia ver o sol. Fazia parte de seu estilo de vida, por assim dizer. Ou de sua maldição, para ser mais correto. Serei mais assertivo: ele era um Vampiro.

E estava com fome.

Caminhava como uma fera que fareja sua comida a quilômetros, mesmo sua estando a quinhentos metros em um velho sobrado. Sobrado este que ele parou em frente e tocou a campainha. Segundos depois uma bela moça apareceu no portão, vestia algo muito parecido com o que ele vestia, mesma época, cores, só que indicado para mulheres. E algo mais diferia, não lhe caia bem, desajustava-se nela, como bolo de noiva em festa de criança ou mini-saia em Senhoras de mais idade.

Ele reconheceu isso e olhou para o céu sem luar, com toda a afetação que poderia alguém olhar com desdém para o céu sem luar, porque viu alguma coisa que não gostou e suspirou.

Ela lhe deu um oi apagado e ele beijou sua mão, o que a fez tremer de excitação.

Paremos aqui. Olhem isso. Que coisa batida, qualquer um sabe que ele é um vampiro que deve estar se passando por namorado dela, mas na verdade só está amaciando a carne para tornar as coisas mais interessantes. Essa estória está fadada ao fracasso, pois todo aprendiz de escritor, qualquer um que tenha feito um curso básico de escrita, sabe que uma estória, na maioria, e as melhores, se concebe pelo fim. E eu não sei, definitivamente, para onde estou indo.

Que horror! Que tristeza meu Deus. O que me resta é lastimar? Contar histórias mal-feitas? Enredos fracos que surgem de momento?! Ai, ai, ai...

Era madrugada fria... Por que estou insistindo na madrugada? E fria? Será que algo quer ser revelado? Algo que acontece em uma madrugada fria? Por que não em um sol de outono? Os sóis de outono são belos e opressores tal qual uma madrugada fria. Talvez tenha que ser madrugada, pois seja algo de assombração e assombração só se apresenta bem em madrugadas, principalmente nas frias e mais ainda ser for um vampiro, ou lobisomem.

Era madrugada fria. Sem luar (para ficar mais escura). O mundo estava oprimido pela escuridão, nada bom saia dos becos da cidade. Suspiros de ódio e terror se esgueiravam pelos cantos dos prédios. Um homem assistia a isso extasiado. Seu semblante trazia o deslumbre por aquele mundo transtornado na devassidão e no pecado. Sorria e dilatava as narinas para sentir melhor o cheiro da podridão que saia dos esgotos da vida comum.

Ele iniciou então uma caminhada, com destino certo (talvez para ele, pois eu não tenho a mínima idéia de quem é e para onde vai, mas...). Um destino que era visitado religiosamente todas as noites, desde que chegara a essa cidade. Seguiu por algumas vielas entre grandes edifícios, onde a escuridão chegava a ser sólida e em um desses becos parou diante de uma cena que o deixou emocionado, uma bela mulher jazia caída no chão com a garganta cortada, sua mini-saia e sua beleza violadas. Ao seu lado, um homem também caído, seu crânio rachado, provavelmente por um paralelepípedo, meio para ser mais exato, que estava no chão ao seu lado. Os dois pintavam um belo quadro para aquele homem, o pintor já estava longe, provavelmente fora buscar companhia para se esquentar.

Ele continuou andando enquanto divagava sobre o mundo e...

Chega! Eu desisto! Como posso continuar sem saber quem ele é? Para onde está indo? Onde tudo isso vai dar? Chega! Eu não consigo mais, a vergonha me deixa vermelho, até pouco tempo sofria de minha imensa falta de inspiração sozinho, e a solidão é a força dos fracos, mas não estou mais só, chegou outra pessoa onde me encontro e só a presença dela me trava mais, é como se estivesse escrito na minha testa o quanto não sou capaz. Chega! A solidão é uma das musas primordiais daquele que deseja escrever, qualquer aprendiz também sabe logo disso, impossível se esfregar nessa musa com a esposa por perto, pois foi ela quem chegou.

Eu vou embora, desisto dessa jornada para quebrar esse bloqueio que laxante nenhum no mundo desfaz. Desisto por hora, por hoje e talvez... Bem... Se este for o último texto que termine com algo profundo:

Hum... hã ...:

... (:/)


3 comentários:

Anônimo disse...

Hum... hã...
Meu Deus q viagem louca, Cláudio!
Adorei! hehehehe...
Beijo!

Denize Muller disse...

Tu é cínico, né?
Ou criativo?
Te amo Bjs de

Denize Muller disse...
Este comentário foi removido pelo autor.