(Texto de abertura de minha dissertação de mestrado, depositada hoje. Não sei como será a banca de defesa, muito menos a nota resultante, mas não importa, já sinto a missão cumprida. Há agradecimentos, muitos, diversos, mas vou resumi-los abaixo. Pela ajuda técnica e espiritual. Por não me deixarem cair. Sei que é um texto pouco acadêmico, mas irá assim mesmo. Abraços!)
Fico pensando se devo agradecer a minha orientadora, Professora Doutora Maria Valíria Aderson de Mello Vargas, eu não sei se só um agradecimento vai ser suficiente diante de toda paciência dedicada. Ela precisava de algum prêmio, algum tipo de bonificação, medalha de honra, por ser mais centrada que o Mestre Yoda (se bem que, às vezes, penso que se ela tivesse um sabre de luz, eu não teria, ao menos, um dos dedos).
Somente agradecer aos professores do mestrado parece pouco também, pois me ajudaram a sair do degrau de um exercício de intuição, para sentar, ao menos, no banquinho dos estudantes que sabem que a teoria é o solo para toda prática.
Vou agradecer à banca, paciente banca, que contribuiu para descortinar algumas coisas que ainda estavam anuviadas, Professoras Doutoras Maria Cecília de Souza-e-Silva e Sueli Cristina Marquesi, desde já meu apreço com carinho e gratidão.
Vou agradecer, sem dúvida, à CAPES, que me deu o arcabouço financeiro para não precisar agradecer de forma interesseira a algum mecenas, ou mesmo ao meu patrão, por me ajudar no custeio dos estudos. Não que meus superiores, as lindas Laíde, Alaíde e Ana Paula, na EMEF Ruth Lopes Andrade mereçam reclamações, de forma alguma, foram fundamentais nos últimos meses com o suporte e a tolerância.
Agradeço aos amigos, tantos amigos, por todas as vezes que me arrastaram para a mesa do bar, que disseram que tudo isso (academia, mestrado, dissertação, Osman Lins) não passava de uma grande tolice e que o negócio era relaxar. Principalmente Kizzy, Tiago, Isis, Ely, Japa, Roger, Cobbi, Fernando, Nê, Luana, Karla, Ricardo, Naná, Petê e o pessoal do RPG. Valeu! Eles e só eles me forneceram os minutos necessários para o engrandecimento do meu estofo intelectual (menos Luciano, ele não, quando esclarecia todas as minhas dúvidas sobre delimitação do tema, problema, ABNT; nem Nelson de Oliveira, que me apresentou Osman Lins; muito menos Cariello, que me trazia livros da USP; e nem Denize que, pior ainda, descobriu para mim A rainha dos cárceres da Grécia).
E, de certa forma, acredito que não será necessário agradecer minha família, pois terminar esse trabalho já é o agradecimento que eles desejam, eu sei, vou, ao contrário, reclamar deles: por não me deixarem cair em momento algum, mesmo sabendo que isso poderia me deixar mais forte, por não saírem da minha frente enquanto eu tentava jogar videogame, ou por tirarem a chave da minha mão todas as vezes que eu quis ir para a praia! Não sabem, coitados, que é no ócio que se fermentam os pães dos quais a alta cultura se alimenta e se tivessem me deixado mergulhar nele este trabalho, provavelmente, seria mais brilhante (é bem provável que precisaria, assim, de centenas de anos para terminar). Eu tenho que reclamar também por não me abandonarem, não sabem que o escritor funciona melhor sozinho? Que o teórico precisa do silêncio das ideias? Mais uma vez, digo, se tivessem me deixado de lado, arrebentado comigo em todos esses momentos em que usei o mestrado como desculpa para fugir das reuniões sociais, este trabalho chegaria, muito perto, de se confundir com a alvorada. Tudo bem, tenho que entender, eles me amam, são pessoas especiais demais e não podiam simplesmente jogar um parente na sarjeta, mesmo que ele merecesse, porque ele só pensa em discursos e linguística (quase um palavrão nestes dias).
Reclamo do meu sogro, sua insistência em ser um mestre tão fantástico, devia ter percebido que o discípulo era claudicante demais, como o próprio nome já inferia.
Da minha mãe, minha santa mãezinha, tão católica, carregaria o filho nas costas para ele dar conta de se tornar mestre, em alguma coisa, seja lá o que isso for. Mestre? Para ela eu já tenho todos os títulos: amor da sua vida, motivo do seu viver, o mais lindo da fila.
Meu pai? E há o que dizer do meu pai? Você não o conhece? Silencioso como é, é como o espírito santo que vai consumindo por onde passa, com um fervor, ai se eu tivesse o fervor do meu pai! Eu virava, assim, um profeta.
Tenho muito a reclamar da minha irmã também, quando desempregada me ajudou a digitar os meus fichamentos, minhas anotações (digitou a grande maioria, na verdade, enquanto eu me aventurava em sites duvidosos), bem, esse mimo fez com que eu refletisse menos sobre minhas anotações e, sendo assim, fosse prejudicado em minha argumentação.
Só atrapalharam. Da minha família, só há o que reclamar. (Menos do Beto e da Fatita, esses me deixavam sempre aparecer lá no litoral).
A esposa? Ora, eu não deveria falar mal da minha esposa, é complicado, sabe como é... Não posso dizer que ela quase me deixou louco, logo depois de me motivar, como uma treinadora de boxe, a entrar no mestrado, ficava perguntando (durante todos os dias que demorei para concluí-lo), quando eu iria terminar (com “a outra”). Fora isso, me arranjou uma filha, toda linda, toda perfeita, no meio do caminho, com a cruel habilidade de me torturar com sua vozinha dizendo “papai, assiste desenho comigo!” pra cá, “papai para de escrever!” pra lá. De deixar qualquer um louco! E foi mais longe, há pouquíssimos dias declarou “estou grávida”, novamente, então se livre desse mestrado, que não quero outro filho meu sem pai. Pode? Bem, não vou dizer tais coisas dela, assim de barriga, um amorzinho, sem dúvidas.
Também nada de ficar dizendo “obrigado, Deus”, perda de tempo ficar reforçando, afinal Ele é o Outro sempre presente, constitutivo, reside no interdiscurso, voz evocada no âmbito da heterogeneidade não marcada, sendo assim, nada de Deus. Não tenho interesse em discutir aqui seu ethos. Para mim, Ele é e está e pronto (e sabe disso).