Minha literatura (?) anda espremente. Com crise de identidade. Seria a gastronomia meu forte? O corte e bordado? Não tenho mão, tremidas que são se perdem em punhetas e metafísicas que nada têm a ver com a palavra enquanto mulher de pernas travadas, menina idealista. “Se não lhe ocorre, para viver melhor, nada mais do que escrever, então você é um escritor”, mas e o amor? E a praia com sorvete de uva? Não sei, não consigo ver essa imersão viciada, essa necessidade de se efetivar, de bater ponto. Talvez seja porque meu esqueleto é feito de ócios, com músculos sempre relaxados, coitados. E não pode imitar, e tem que ter voz própria. E se minha voz for de papagaio, tão bonito, verde e raro. Vai que você nunca elogiou um papagaio por imitar direitinho? Parodiar sua avó falando palavrão? Vai. É muita regra cagada pra todo lado pela ventoinha dos manuais gerais. Isso não emociona, não dá vontade de dizer que a literatura é uma forma de viver, ou morrer melhor, ou nunca morrer. Eu prefiro me esconder, deixar os textos escaparem pelos espirros, sem compromisso. Desassinados. “O senhor reconhece este conto aqui, meu senhor? Onde há uma cópia deslava do estilo de um autor pernambucano, meu senhor? Reconhece?”. Eu não, conheço não.
5 comentários:
Reconheço pão e vinho. E só.
Cobbito, falo do Osman Lins, ele trabalhava a sonoridade em sua prosa, o texto de um corpo só e, fora isso, claro, dissertava sobre o "que é ser escritor".
E claro que Lins também papagaiou, como todos papagairemos sempre. A ideia é papagaiar com certa vocalidade, né? Essa meia dúzia de temas que permeiam O Sempre.
Um manifesto pela liberdade de escrever como bem entender. Se a gente encanar com o que os outros dizem, não conseguiremos jogar no papel nem a primeira palavra.
Pérola de Arte, Cláudio.
Vou te adiconar lá no pianista tb.
Obrigado pela visita.
Eu sempre reconheci na Culinária um pouco de punheta. Aquele constante bater de ovos.
Ricardo Delfin
Esse Ricardo...
Faço minhas as palavras dele
www.temalgumacoisaerrada.blogspot.com
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