chorar é assim uma coisa que a gente faz em semana sem festa. ou em dia de quermesse e promessas de casamento. chorar é assim uma coisa que vem da língua, entre os dentes e da mão no rosto. chorar é uma coisa assim que a gente ou assume ou disfarça, não tem meio caminho, meia lágrima. chorar é a força que nos mantém mais humanos, mas que evidencia que não estamos preparados para raspar os olhos no concreto e portar maletas de couro e cargos importantes. chorar é aquilo que fazemos quando somos injustos com quem amamos, quando topamos um desafio maior do que podemos carregar nas costas que começam a doer enquanto você vê do oitavo andar a chuva se fazendo sobre a cidade, um cinza de corbertor, vindo na direção da sua janela que se torna turva por fora também. chorar é aquilo que eu peço a Deus para me permitir fazer quando a secura da garganta embaralha minha fisiologia e me faz duvidar se ainda existe ar pra molhar os pulmões. chorar é isso aqui, pingo de letras, das pontas dos dedos de minha convulsão na impossibilidade de ser, ao menor, um crocodilo.
2 comentários:
Mas, no fundo, no fundo, choro de crocodilo não é choro, é charme.
;)
E sempre há calor humano para evaporar uma lágrima.
Abração, caro Brites!
(ps.: aguardo a resposta sobre o Livro Lilás no orkut ;))
Que lindo isto aqui! Me emocionou, juro.
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